Inevitabilidade e inexistência

Outro encontrado em primeira edição, o pequeno livro, em oitavo, Onde a terra se acaba e o mar começa, título tirado de verso dos Os Lusíadas [III, 20]: «Onde a terra se acaba e o mar começa/é Portugal;/simples pretexto para o litoral,/verde nau que ao mar logo se arremessa».
Dedicado «à memória do meu amigo Vicente Arnoso», composto na Primavera de 1940 na Imprensa Portugal-Brasil para a Livraria Bertrand, de Lisboa. Capa desenhada por João Carlos, retrato do autor da autoria de Eduardo Malta.
Diria que desfeia o meu exemplar, concretamente a página do livro onde se lê o poema Saudade [n.º 41] uma pequeno trecho manuscrito a tinta vermelha, de origem desconhecida, letra redonda, uma nota que nem poética regular chega a ser e que aqui transcrevo [tal qual grafado]: «Tem sete letras apenas/A dôce palavra saudade/Quem primeiro a pronunciou/Com certeza que chorou».

Para que ganhe sentido o acrescento, eis o breve poema de Afonso Lopes Vieira: «Esta palavra saudade/aquele que a inventou/por ser a palavra tão doce/ia chorar, não chorou».
Trata-se, pois, de réplica por contraposição à ideia do poema, trazendo sentido comum e ilação fácil ao que no original tem dimensão mais subtil e profunda. 
Para Vieira, o inventor da palavra «ia chorar, não chorou», para quem aditou o que cito, «com certeza que chorou». 
E porque tornou o poeta do livro ora achado a inevitabilidade em inexistência, o ir chorar em não ter chorado? Pela doçura da palavra. E eis o que dá para pensar.

A Fé e o Império

Pois ali estava à minha espera, mão do Luís Gomes, alfarrabista, a conferência que tanto problema deu ao seu autor. Proferida em Luanda aos 28 de Junho de 1932, no âmbito da Feira de Amostras, tinha o meu exemplar [vi depois ser o 132 de uma série de 200, o que terá valor para coleccionadores de antiguidades] uma dedicatória feita pelo autor a Vasco Gama Fernandes, advogado de Leiria e que Presidente foi da Assembleia da República: «Ao Dr. Vasco da Gama Fernandes  recordação das minhas aventuras africanas».

Lia-a, pelo que nela se contém e não pela polémica em que quem a proferiu esteve envolvido com Henrique Galvão, comissário da Feira. Para quem quiser isso, há aqui [no blog Malomil] um apontamento.
A Feira estava organizada para a dilatação da Fé e do Império Colonial Português, projecto político no qual Galvão se envolveria, em união de total dedicação e oferta ao regime do Estado Novo salazarista [veja-se aqui, da Hemeroteca, esta notícia de declarações suas sobre o evento], salazarismo que Vieira detestava com todas as forças de sua alma, como no-lo revela Aquilino Ribeiro num apontamento sobre a sua pessoa.
Para Vieira a oportunidade de exprimir, em exaltação poética e mística a sua ideia de Pátria e o seu ideário nacionalista.
Curioso, porém, o excerto em que exprime a sua crença e apreço pela obra da República, num momento em que precisamente, a ideia que em 1910 se inaugurara encontrava o seu ocaso, o 28 de Maio em vias de se constitucionalizar, como sucederia em 1933: «Para a nossa concepção do nacionalismo português, isto é, para a nossa consciência da Fé e do Império, pudémos nós-outros adquirir e fortificar-nos com ideias que apenas há cerca de vinte anos foram estabelecidas em Portugal. Se é evidente que a consciência nacional tanto se elevou e enrijou neste período, isto provém de um grupo admirável de ilustres Portugueses, os quais têm vindo a realizar a obra magnifica de reconstrução nacional em todos os ramos da actividade da inteligência, desde a história à filologia e à literatura, nas ciências matemáticas aplicadas aos Descobrimentos, na crítica de arte [...].»

O alfenim

Prossigo os encontros com a minha estante e cruzo-me desta feita com João Gaspar Simões e a sua autobiografia escrita na forma dos poeta que ele conheceu e ali logo o primeiro com que abre o livro: Afonso Lopes Vieira.
O texto é retrato de um encontro, de uma convivência, de uma leitura. O primeiro, marcante, a segundo a ter dado em amizade, a leitura afinal lisonjeira. Separava-os um fosso de idades, Vieira já sexagenário, Simões pelos trinta.
João Gaspar Simões cruza-se com Afonso Lopes Vieira na «década de trinta», na Baixa, na rua do Ouro, na confluência desta com a Praça D. Pedro IV e deixa aqui o fresco das pinceladas burlescas a pretenderem ser, indeléveis, a «figura com que se cruzou»: «singular silhueta, espécie de dandy, pequenino, de passo saltitante, cujos minúsculos pés uns polainitos, brancos, se não estou em erro, ainda tornavam mais minúsculos». 
E prossegue, desdenhoso: «esse janota de passo saltitante, que a uma primeiro golpe de vista me fez crer estar diante de um Charlot, ao mesmo temo distinto e ridículo, fosse como fosse desajustado ao meio, sorte de alfenim como os alfenins das Guerras do Alecrim e da Manjerona».
Já é severo o vocabulário, mas não sossega. E prossegue em perguntas que albergam afirmações: «Quem era aquele fantasma?», «[...] a quem perguntar de onde viera, para onde ia o piruteante bailarino». 
E, entusiasmado com a palavra "alfenim", que atrás usara, insiste: «era nem mais nem menos esse alfenim, semelhante ser frágil, quase feminino no seu porte e no seu andar, nos seus gestos e nos seus ademanes, era - Afonso Lopes Vieira». 
Chegaria para o leitor ter captado o que teriam visto os olhos do anafado crítico, rotundo e virulento, que de Eça de Queiroz escrevera uma biografia, tingida de psicanálise e de segredos privados, mas, qualquer coisa de fundo teria sido tocado, a nível da sensibilidade, porque não pára tudo quanto pudesse diminuir o ali exposto. E logo «a figura quebradiça e vibrátil, preciosa e afectada», enfim, «a fragilidade andrógina».
Basta, pois! dirá o leitor, e bem. Já se entendeu o choque do esguio ao rotundo.

Em homenagem ao poeta, salva o bilioso crítico a pele, lançando na página do seu retrato: «Teria eu alguma vez conhecido homem tão firme e decidido, tão claro e lúcido, tão impertinente franco, tão corajosamente amigo do seu amigo e inimigo do seu inimigo?» E, numa frase, que tudo resume  afinal, contrasta a «forte personalidade moral encarnada numa frágil presença física».
Venceu, com alívio se lê, o que verdadeiramente vale e honra. 
João Gaspar Simões duas vezes esteve em casa de Lopes Vieira, uma última vez subiu ao Castelo para acompanhar o corpo do poeta morto. «De facto, a única vez que percorri a Casa de São Pedro - assim se chamava a moradia do poeta à ilharga do Pinhal de Leiria - já o autor de Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa, principiara a sua rota para além da terra». Pena, de facto, tarde demais.
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Tudo li, tudo retive. Ficou o enigma da palavra "alfenim", aplicado a uma silhueta humana. Entendi esta manhã de Sábado chuvoso em que martelo aqui este apontamento: tratava-se de associar a imagem à alvura de um doce tradicional, de origem árabe e que se expandiu pelos Açores e pelo Brasil. E, para que se compense em doçura o que, em amargo, Simões viu, aqui fica este texto de J. H. Pires Borges, com a devida vénia retirado deste blog aqui:

«No Século VIII, os Árabes invadem e ocupam a Península Ibérica e terá sido nessa altura que introduziram esta gulodice, confeccionada com açúcar ou melaço de cana, designada por “al-fenid” ou “al-fanid” significando a palavra árabe branco ou alvo e derivando em “alfenim” na língua portuguesa e que era um doce muito popular no sul de Portugal.A guloseima “al-fenid” ou “alfenim” vai influenciar a confecção de doçaria na região do Algarve e, também, em Portugal.Em 1404, no tempo de D. João I, inicia-se o cultivo da cana do açúcar no Algarve devido à grande procura do açúcar.Em 1425, o Infante D. Henrique manda introduzir a cana do açúcar na ilha da Madeira. Assim, aumenta a produção de açúcar a nível nacional e permite a variedade e a qualidade da doçaria em Portugal.Em 1465, algumas famílias do Algarve vem povoar a parte oeste da ilha Terceira, ou ilha de Jesus Cristo e, possivelmente, poderão ter introduzido esta arte de confeccionar o açúcar e transformá-lo em “alfenim”. Por exemplo, essa influência mourisca está patente na Ribeira do Mouro na freguesia das Cinco Ribeiras.No século XVI, o Alfenim aparece citado em obras de Gil Vicente e de Jorge Ferreira de Vasconcelos por ser uma gulodice popular em Portugal.Com o descobrimento e colonização do Brasil é introduzida a cana do açúcar onde também, se passa a fabricar o “Alfenim” ou “Alfeninho”.Em 1516 foi enviado ao Papa Leão X a escultura do Sacro Colégio, com todos os cardeais em tamanho natural feitos em alfenim que foi oferta do Terceiro Capitão Donatário do Funchal, D. Simão Gonçalves da Câmara. O culto do Espírito Santo tem um grande incremento a partir do século XII-XIII aquando do “Milagre das Rosas” da Rainha Santa Isabel e a Coroação dos Pobres na Vila de Alenquer iniciando-se a Devoção ao Divino do Espírito Santo - Terceira Pessoa da Santíssima Trindade simbolizado pela Pomba Branca.Mais tarde, o “alfenim” ou “al-fenid” devido á sua brancura, que é subentendida como pureza e purificação, foi assimilado e introduzido no culto religioso cristão. Desde então, o doce “alfenim” foi transformado em peças de arte gastronómicas tais como a Pomba Branca representando o Espírito Santo, e todos os outros símbolos utilizados no ritual de celebração da Festa do Espírito Santo ou dos Santos Padroeiros como a coroa, a rosquilha de pão, os animais e outros motivos decorativos que eram doados à Irmandade do Espírito Santo ou outras e, mais tarde, leiloados revertendo a venda para a organização da festa. No caso de graça obtida, a pessoa encomenda à doceira que confeccione uma peça com a simbologia ou outras formas, em “alfenim”, indicando o peso da peça que pretende, a parte do corpo que beneficiou de uma graça do Divino Espírito Santo: um braço, uma perna, um pé, etc..O “alfenim” surge assim, associado às Festas do Espírito Santo e dos Santos Padroeiros, ofertado em retribuição das graças obtidas».

A recheada livraria

Sobrinho neto de António Xavier Rodrigues Cordeiro, de que recebeu, por doação, a recheada livraria, escrevi. E eis parte da mesma, impressionante, na casa em Lisboa, no Largo da Rosa.

Entrevista com Cristina Nobre


Camões: Lopes Vieira e o Cinema


Rodado em 1946, produzido por António Lopes Ribeiro, realizado por Leitão de Barros, com música do Maestro Ruy Coelho, o argumento é de Afonso Lopes Vieira, que nesse ano faleceria e a quem o filme, foi, por isso, dedicado. [tendo dificuldade em visionar no blog, clicar aqui para ver no Youtube; são 115 minutos de película]-

De um texto de Maria do Rosário Lupi Bello permito-me citar este longo excerto [texto integral aqui], porque elucidativo da obra: 

«Dentre as várias obras cinematográficas portuguesas (curtas e longas metragens) baseadas na figura e na obra de Luís Vaz de Camões, uma sobressai, tanto pelo imediato sucesso que granjeou, quanto pelo valor simbólico que lhe foi atribuído: trata-se do filme a preto e branco, de 115 minutos, intitulado Camões (com o subtítulo Erros meus, má fortuna, amor ardente) realizado por Leitão de Barros e estreado no dia 23 de Setembro de 1946, no cinema S. Luís, em Lisboa. Com argumento do realizador e de Afonso Lopes Vieira (que morreu nesse mesmo ano e a cuja memória o filme é dedicado), produzido por António Lopes Ribeiro e protagonizado por António Vilar, o filme recebeu, desde a primeira hora, o aplauso da crítica e do público, que chegaram mesmo a defini-lo como a melhor obra do nosso cinema até à data. O Governo português de então considerou-o de “utilidade pública”, tendo o filme ganho o grande prémio do Secretariado Nacional de Informação nesse mesmo ano, bem como vários prémios para o desempenho dos principais actores: Prémios do SNI para o melhor actor, António Vilar (Luís de Camões) – aqui num dos melhores desempenhos da sua brilhante carreira -, para a melhor actriz, Eunice Muñoz (Beatriz da Silva), e menções honrosas para Vasco Santana (o Mal-Cozinhado) e Paiva Raposo (Pero de Andrade Caminha). Carmen Dolores representa dois breves papéis, nas figuras de Catarina de Ataíde e Natércia, e Igrejas Caeiro dá corpo a André Falcão de Resende. Camões foi apresentado oficialmente no Festival de Cannes de 1946 e permanece como uma obra de referência no contexto do cinema português dos anos 40. Trata-se, de facto, de um filme que logra desenvolver de modo relativamente elaborado e feliz os códigos da tendência da época, de cariz histórico-literário melodramático (como diria Luís de Pina), chegando a um grau de apreciável, quase barroca, sumptuosidade, no que ao guarda-roupa e cenários diz respeito, e sabendo manter um ritmo narrativo bem articulado e eficiente do ponto de vista dramatúrgico. Fazendo do jovem Camões um verdadeiro e irreverente Don Juan, em permanente despique literário e amoroso com Pero Andrade Caminha (o qual vem a reconhecer a supremacia artística do autor de Os Lusíadas), passando pelo retrato dos seus momentos de glória enquanto poeta maduro e testemunhando o final de miséria e abandono da sua vida, o filme incide sobretudo na glorificação patriótica do povo representado na epopeia de Os Lusíadas e identificado com a grandeza do seu autor, dando assim voz à exaltação da História de Portugal.»

13 Quadras

E de novo eis o sem porquê a guiar-me os passos em direcção à estante e nela achar esta edição de autor: estudos e memórias de António Manuel Couto Viana, outro quase esquecido não fora algum esforço heróico em manter dele a chama da lembrança. Nele, logo o texto inaugural é dedicado precisamente a Afonso Lopes Vieira, sobrinho neto de António Xavier Rodrigues Cordeiro, de que recebeu, por doação, a recheada livraria.
Bicho curioso pelas antiqualhas literárias, Couto Viana traz-nos Lopes Vieira no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, periódico fundado por Alexandre Magno Castilho e continuado, depois da morte deste por Rodrigues Cordeiro, onde em 1900, publicara um poema denominado 13 Quadras, «quase inédito» pois não terá sido reproduzido em qualquer das suas obras posteriores. Tinha-se estreado com em 1898 Para quê e no ano seguinte com  O Náufrago.
Trata-se de verso irónico, dedicado à que seria, em 1920, sua Esposa, D. Helena de Aboim. 
Lírica de enamoramento, progride do «se eu casasse contigo» ao «tu sempre Noiva, eu sempre Namorado/Sem termos nada sem sabermos nada./Tua vida seria ter amado/Minha vida seria ver-te amada», a que segue o decurso da vida, com ela o Inverno. «E teria saudades então de tudo!/Uma saudade absurda à despedida;/E arrepender-me-ia de ter sido rudo/Quando dantes dizia mal da vida».
É aqui que o verso atinge o seu momento de amargo riso: «Eu morreria; e nos jornais diriam/Que eu morrera...e que nojo agora sinto/Ao lembrar-me que lá me chamariam/O mimoso poeta, e o distinto...//No meu enterro, iriam a fingir/Pena de mim...Conheces?...são aqueles/E eu teria vontade de cuspir - Último adeus à vida - em todos eles.//Mas haviam então de consolar-te/Com as frases sabidas, e por fim/Far-te-iam esquecer com grande arte/E sem parecer diriam mal de mim».
Adivinha o leitor o desfecho: «E os dias passariam/e depois/Dir-te-iam que estavas linda e nova.../E casarias outra vez, e dos dois/Amar-se-iam sobre a minha cova!».

O Príncipe

Em livros antigos com os quais me reencontro, buscando-os nas estantes onde sei estarem,  aquela precisão de cegueira noctívaga que nos gatos se encontra, está o antevisto. Há em mim, instintiva, a intuição de neles ir achar quanto preciso, espécie de memória recalcada de os ter, em tempos, lido e ter ficado então a ligar-me às suas páginas fio de Ariana que me possibilita, depois, regresso à casa das recordações que neles se edifica.
Eis, por isso, há pouco, com Augusto de Castro, numa bela obra, impressa em magnífico papel, ilustrada por Eduardo Malta, tudo nomes que já foram para o Purgatório do contemporâneo esquecimento, perdidos neste mundo de tão escassos leitores, cada vez menos, perdidos mesmo os que antes liam e hoje dormitam a mente; livro editado sem data, mas terá sido impresso em 1961. Exemplar o meu - céus de espanto agora comigo aqui ao lado - assinado e numerado, preciosidade bibliófila para quem ache nisso valor, sentimental seja. Livro onde - e portanto ao que venho - onde acho uma crónica sobre Afonso Lopes Vieira.
De tantos modo possíveis de o ter escrito, de tantos ângulos poderia ter sido visto o Homem ali sumariado, há neste artigo de Os Homens e as Sombras a saudosa referência aos tempos comuns em Coimbra, estudantes ambos, «quando eu por lá andei a formar-me em Direito e ele em versos do Choupal e autos de Gil Vicente. Ele já era o bardo, franzino, de uma geração».
E é sobre Vieira literário, «meu querido Cavaleiro Andante da Poesia e da Saudade» que se escreve.
Sinto nesta páginas a presença, passos fossem e contemporâneos, vagueantes poetas e sua lírica, porquanto «nessa época distante, rir e fazer versos eram ainda em Coimbra tradições tão fortes como a das Ordenações Filipinas».
Mas acho nelas, o súbito cruzamento que a vida permite, esse maravilhoso acaso em que as almas se cruzam no mundo sensível, em momento improvável. 
Augusto de Castro embaixador em Roma, onde foi embaixador recorda: «Um dia, Mestre Afonso apareceu-me em Roma. Vinha como Romeiro de Lisboa a Marrocos, à Sicília; tinha refeito o itinerário de Santo António. Viera só, num navio costeiro. Passeámos juntos pela Via Ápia, pelas sombras do Punico, pelo Capitólio, entre as fontes e as ruínas. Mas era a alma do Santo António que o tentava. Seguia as peugadas do Santo. Partiu logo a seguir para a doirada Úmbria. Tinha um encontro marcado com S. Francisco, em Assis, De lá abalou para Pádua. Levava nos olhos os crepúsculos de Giotto.»
O texto chama-se A Última Poesia. É sobre «O Príncipe de S. Pedro de Muel».

O mistério do piano

Estava ali à venda no Café que também é estação de correios e onde fui comprar selos. É já uma segunda edição. Conta a história de São Pedro a partir de postais ilustrados. Nas suas notas finais, o autor devolve-nos o mistério do piano a partir de uma alusão contida em postais escritos em data incerta, entre 1910 e 1914. Comentando a "excentricidade", escreve: «[...] se já era difícil levar um piano por um caminho de cabras até uma localidade perdida para lá do pinhal, imagine-se afiná-lo e mantê-lo em condições». 
Depois do "órgão de búzios" de Afonso Lopes Vieira, já nada surpreende neste local mágico.