Triste Charneca

É quase a findar o volume dedicado à Estremadura, Alentejo e Algarve do Guia de Portugal que em 1927 por coordenação de Sant'Anna Dionísio a Biblioteca Nacional editou e a Fundação Gulbenkian permitiu reeditar em 1983 o texto que Afonso Lopes Vieira escreveu sobre S. Pedro de Moel [ali grafado como Muel] 
Texto situado no seu tempo tem, por isso, redobrado valor até pelo contraste que permite. A escrita é contemporânea com a destruição do «caminho velho», edificado entre 1880-1881, em favor de um ordenamento oficial. 
Contristado com os "cortes" impostos por esse ordenamento, Vieira comenta: «[...] teria sido bem natural e humano que o ordenamento, determinado há cerca de 50 anos pelo silvicultor Barros Gomes, se houvesse modificado, por inteligente deliberação ulterior. Assim, a burocracia de Lisboa vai reduzindo uma estrada, que era interessante na Europa, e uma triste charneca».
Típica, é, porém, a razão do seu penar, o tratar-se de «prejudicar uma das nossas raras estradas que deliberadamente olhou aos interesses espirituais da paisagem».

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Foto: Bernardino António Barros Gomes.