Afonso por Cândido Costa Pinto

 


Graças à gentileza do Emílio Ricon Peres, este desenho à pena de Afonso Lopes Vieira feito por Cândido Costa Pinto [1911-1976], expoente que viria a ser do surrealismo e que algumas capas desenhou para a Colecção Vampiro, a série de livros policiais editados pela editora "Livros do Brasil".

A constipação patriótica

 


Aqui fica, assinado pelo pseudónimo Titus, afinal a prosa de Joaquim Manso [1878-1956], director que foi do "Diário de Lisboa" durante 35 anos. Com ironia lembra o episódio que assolou a vida de Afonso Lopes Vieira quando da escrita da sua pagela de homenagem ao Soldado Desconhecido.


Lopes Vieira por Amarelhe

 


A gentileza do Gonçalo Pereira da Rosa trouxe-me este desenho de Amarelhe retratando, a traço grosso, Afonso Lopes Vieira.

Américo da Silva Amarelhe [1892-1946] um dos mais famosos caricaturistas da época, ilustrador sobretudo nos meios teatrais, tem a sua obra dispersa e vive mais em esquecimento do que em reconhecimento.

O seu traço fino e preciso não se exprime aqui neste tosco que capta do retratado o lado amargo e endurecido que também se pressente a quem ler por dentre a sua diáfana poesia, o desconsolo da solidão.

Afonso Lopes Vieira na juventude

 


Frequentemente é persistência, outras mero acaso e assim sucedeu: esforçava-me este fim de tarde, por arrumar livros, trazendo-os para outras estantes, separando os duplicados, os de edições de pior qualidade, em pior estado. No caso, os livros de e sobre Manuel Laranjeira, entre eles a fotobiografia da autoria de Orlando da Silva, publicado em 1992 pela Gráfica da Vergada. E nela, eis de súbito, a ladear a transcrição de uma carta em que o autor do "Pessimismo Nacional" agradecia os livros recebidos, a foto do autor: Afonso Lopes Vieira, na juventude.

Trouxe-a aqui, retocada ligeiramente. Talvez nela se reconheça a fisionomia que se nos tornou familiar do poeta de "País Lilás, Desterro Azul".

Por esta altura, data que não consigo reconstituir, pois nem encontro informação quanto à origem da fotografia, professaria ele o anarquismo romântico que se evidencia em "Marques, História de um Desterrado": uma certa altanaria na pose, a farta cabeleira solta, o olhar profundo, ainda não fariam pressentir o rebuscado cuidado e a delicadeza filigrânica da sua escrita.