Em busca de Santo António

A propósito de Santo António: a 16 de Julho de 1931 Afonso Lopes Vieira partiu para uma viagem em busca dos caminhos do Santo: Coimbra, Marrocos, Sicília, Assis, Forli, Pádua.

António Ferro deixou no Diário de Notícias uma notícia sobre o facto. 

Interessante esta sua nota: «A primeira reportagem de Afonso Lopes Vieira - vão dizer - é uma reportagem fora do jornalismo, uma reportagem da Poesia... Que importa! Eu comecei também a minha carreira de jornalista-viajante pela reportagem de Fiume, pela reportagem de Gabriele d'Anunzio»

Uma cura de solidão


 São de facto momentos dolorosos os equívocos, ademais quando se prestam a interpretações em que a intenção maldosa aflora e, sobretudo, como o referiu Cristina Nobre na sua tese de doutoramento publicada em 2005 pela Imprensa Nacional «o horror por uma intimidade exposta».

Convidado para uma visita a Angola, a viagem acabaria ensombrada pela questão da quantificação das ajudas de custos, Envolvido na história, do lado governamental, Henrique Galvão, na altura um quadro do regime, em serviço colonial, como já escrevi aqui.

Encontrei o folheto no alfarrabista. Há um outro, de resposta, subscrito por Galvão, em edição também de autor, que não conheço. E há no espólio do escritor que a Biblioteca Municipal de Leiria conserva um outro texto da autoria de Lopes Vieira que a Censura não deixou ser publicada e não foi para proteger o visado.

A mágoa foi curada com o exílio entre a Quinta das Cortes e a casa de São Pedro de Moel, «uma cura de solidão e de higiene espiritual», nas palavras do próprio. 

E é a dor que deveras sente a que lhe roeu a alma. «Começo a escrever estas linhas com a tristeza que vê perdida a obra que ideara, com a mágoa do artista a quem arruinaram a criação espiritual, e, sobretudo, com a mais grave desolação do homem honrado, a quem a traição revolta, a selvajaria moral inspira horror», assim começa este breve texto de 31 páginas impresso em 1932.

Duelo imaginário




Rabuscando, noctívago, entre velhos alfarrábios, depois de um dia exaurido na profissão, deparo-me com esta graça.
Publicou-a o "Diário de Lisboa", então dirigido por Joaquim Manso, numa sua edição mensal.
É uma história fictícia, a de um falso duelo travado entre Alfredo Pimenta e Afonso Lopes Vieira.
Duelo para desagravo de ofensa literária, claro está, só essa daria plausibilidade à fabulosa contenda entre dois espadachins.
Na fotografia, o vate de São Pedro de Moel enfrenta com garbo e brio o seu antagonista.
Desnecessário esclarecer: trata-se de uma piada do 1º de Abril do ano de 1933, mas que a polémica existiu, isso é facto.