Afonso Lopes Vieira na juventude

 


Frequentemente é persistência, outras mero acaso e assim sucedeu: esforçava-me este fim de tarde, por arrumar livros, trazendo-os para outras estantes, separando os duplicados, os de edições de pior qualidade, em pior estado. No caso, os livros de e sobre Manuel Laranjeira, entre eles a fotobiografia da autoria de Orlando da Silva, publicado em 1992 pela Gráfica da Vergada. E nela, eis de súbito, a ladear a transcrição de uma carta em que o autor do "Pessimismo Nacional" agradecia os livros recebidos, a foto do autor: Afonso Lopes Vieira, na juventude.

Trouxe-a aqui, retocada ligeiramente. Talvez nela se reconheça a fisionomia que se nos tornou familiar do poeta de "País Lilás, Desterro Azul".

Por esta altura, data que não consigo reconstituir, pois nem encontro informação quanto à origem da fotografia, professaria ele o anarquismo romântico que se evidencia em "Marques, História de um Desterrado": uma certa altanaria na pose, a farta cabeleira solta, o olhar profundo, ainda não fariam pressentir o rebuscado cuidado e a delicadeza filigrânica da sua escrita.